Conceitos

Traçados os objetivos é hora de definir como iremos alcançar as metas planejadas.

O mercado financeiro possui diversos instrumentos que podem ser utilizados como fonte de rentabilidade e cada um deles possui um risco associado. Rentabilidades expressivas andam junto com ricos elevados, e devemos lembrar que existem taxas e impostos a pagar e o risco de perder é sempre uma possibilidade.

O investidor que esteja disposto a entrar no mercado financeiro deve conhecer muito bem sobre todas as formas de investimento, os riscos envolvidos em cada operação, o tipo de liquidez, as taxas, comissões e impostos que são cobrados e acima de tudo as filosofias operacionais existentes. O caminho para ser bem sucedido neste mercado passa por:
  • Entender como funciona
  • Alinhar seus objetivos e os prazos para alcançá-los com as opções que mais se alinham a eles.
  • Definir o risco que está disposto a correr
  • Definir uma estratégia de atuação e ter DISCIPLINA para segui-la.

1. Entender como funciona

Devemos conhecer bem os instrumentos financeiros existentes para podermos explorá-los ao máximo e não ficarmos expostos a riscos desnecessários. O primeiro passo é entendermos quais são os principais tipos e classes de títulos que estão disponíveis para o investidor.

1.1 Tipos de investimentos

Um investimento se resume basicamente na compra de um "papel" que te da certos direitos, em alguns casos este "papel" te da o direito de receber uma taxa de juros por ter realizado um empréstimo para o governo ou instituição financeira, em outros, este "papel" te da o direito de receber parte dos lucros de uma empresa e te faz sócio desta empresa. Os investimentos podem, de forma resumida, ser categorizados em dois grandes grupos: Investimentos de renda fixa e de renda variável.

1.1.1- Renda Fixa (RF)

A categoria de renda fixa reúne todos os investimentos de conhecimento popular, no momento da contratação, sabemos exatamente qual será a taxa de juros que irá corrigir o valor do título. Os títulos mais comuns são os do Tesouro Direto, CDB, LCI, LCA e poupança. O risco do investimento e a rentabilidade desta categoria são baixos sendo indicados para aqueles com perfil mais conservador.

1.1.2 - Renda variável (RV)

Os títulos de renda variável não seguem nenhum indicador e não estão atrelados a nenhum tipo de taxa pré-fixada, tornando impossível a determinação precisa do seu rendimento final. Os riscos dos títulos desta categoria são mais altos, mas ao mesmo tempo, as expectativas de lucro são bem maiores.

Nesta categoria estão as ações de empresas, o cambio, contratos futuros, mercadorias como milho, boi e café e outros itens derivados.

2. Alinhar seus objetivos e os prazos para alcançá-los com as opções que mais se alinham a eles.

O meu objetivo é atingir a marca de 4 milhões em um intervalo de 3 a 9 anos. Das duas classes de investimento disponíveis a que mais se alinha com este objetivo é a Renda Variável, logo, eu deveria utilizar somente as opções disponíveis nesta classe, no entanto, isto viola um preceito básico do mercado financeiro: A Diversificação.

2.1 - Diversificação

Usado na análise de fundos de investimento, composição de carteira de ações e até mesmo em fundos de renda fixa, a diversificação é uma técnica de diluição de riscos e maximização de ganhos que consiste  na distribuição dos recursos financeiros em diferentes produtos, de forma que o desempenho negativo de uma não produza perdas definitivas para o investidor.

Imagine que você decida colocar 100% o seu capital na ação de uma empresa que está em alta e é extremamente promissora e de repente uma noticia negativa abala a empresa na qual estava todo o seu capital! Exemplos deste tipo de situação existem aos montes, ações de empresas como Petrobras, Ogx, OI e Cemig ilustram bem este cenário.

Ok, mas se eu reduzir os riscos por meio da diversificação, não irei também reduzir meus ganhos?

Não necessariamente, o que será reduzido é a oscilação, nos não iremos ter o máximo de lucro, mas também não teremos o máximo de prejuízo.

Embora a diversificação não elimine completamente o risco de perda, uma estrategia bem definida pode melhorar de forma expressiva a relação entre o risco que se corre e o retorno, assim, é possivel diminuir o risco sem que isto cause uma redução na rentabilidade.

Seguindo os preceitos da diversificação iremos alocar nossos recursos em produtos das seguintes classes:
  • Renda Fixa
  • Opções
  • Ações para Swing Trade
  • Ações para Day Trade
  • Contratos Futuros
  • Fundos Imobiliários
A forma de alocação, os riscos e as rentabilidades esperadas serão discutidas na próxima publicação.

3. Definir o risco que está disposto a correr

Todo investimento possui riscos, até mesmo os aportes em produtos mais seguros, como o Tesouro Direto, riscos sempre vão existir e não podemos ignorá-los. Sempre haverá a possibilidade de perder o capital investido, seja parcial ou integral. Algumas modalidades de investimento, como a renda variável, possuem riscos maiores e outras, como a renda fixa, possuem riscos menores.

A metodologia que irei adotar para controle de riscos será detalhada quando for descrever cada um dos produtos, mas de forma geral meu risco será perder 10% de todo o patrimônio investido ao mês, ou seja, se em determinado momento tivermos acumulado R$ 100.000,00 iremos aceitar um declínio máximo de 10.000 reais em 1 mês.

Esta alocação de risco me permite fazer tudo errado durante 10 meses, período que considero mais do que suficiente para identificar as falhas no processo e realizar ajustes.

4. Definir uma estratégia de atuação e ter DISCIPLINA para segui-la.


O psicologo Daniel Kahneman, premio Nobel em economia, descreve em sua tese a forma irracional como o cérebro humano toma decisões financeiras. Em uma entrevista a B3, Kahneman diz o seguinte:

"...Parece que, quando as pessoas pensam a respeito do dinheiro, elas o colocam em várias categorias diferentes e tratam cada categoria de modo muito diferente. É isso que chamamos de contabilidade mental. Em termos mentais, há um orçamento, e a pessoa se preocupa com as alocações a partir do seu orçamento. Isso pode levar às vezes a consequências absurdas, mas em geral a contabilidade mental é um instrumento de autocontrole. Você tem um orçamento determinado e suas decisões respeitam esse orçamento. Pode dar certo. Não é de todo ruim, embora possa levar a decisões completamente ridículas às vezes. Muito se escreveu a respeito das decisões ridículas e menos a respeito das vantagens da contabilidade mental. Isso é muito abstrato e, portanto, eu deveria lhe oferecer outro exemplo. 
Descobriu-se, por exemplo, que a probabilidade de que as pessoas sairão de casa para assistir a uma partida de beisebol em um dia de mau tempo ou muito trânsito é maior quando compraram os ingressos do que quando possuem os mesmos ingressos mas não tiveram de pagar. Esse é um exemplo de contabilidade mental. Você já pagou, mas quer receber algo em troca do dinheiro que desembolsou. Quando pensamos a respeito disso racionalmente, do ponto de vista da economia racional, não faz sentido. Você já gastou o dinheiro e já arcou com o custo, de modo que não deveria se importar. Na verdade, quando as pessoas gastaram com o intuito de receber algo, elas querem realmente recebê-lo. A contabilidade mental funciona assim..." (Fonte).
E qual a relação disto com estratégia e disciplina?

Com a estrategia não tem relação nenhuma, mas o vinculo com a disciplina reside no fato de seguir o controle de risco rigorosamente e aceitar seu limite de prejuízos. Se está planejamento perder somente R$ 100,00 em uma operação, ao atingir este limite temos que nos dar por vencidos, independentemente se uma oportunidade de lucro incontestável aparecer a sua frente. Não devemos esperar que pelo simples fato de termos gasto dinheiro comprando um produto financeiro, que iremos realmente receber algo em troca, os prejuízos fazem parte do jogo.

Os motivos de ser extremamente difícil termos disciplina no mundo financeiro, também é explicado por Kahneman. Segundo seus estudos, a dor da perda de um valor é duas vezes superior ao prazer do ganho deste mesmo valor, assim é comum que investidores não encerrem suas operações que estão no prejuízo, mesmo que pequeno, na esperança de que aquilo irá se transformar em lucro. O cérebro utiliza este mecanismo para evitar a dor da perda e preservar o emocional do indivíduo, mas isto, na grande maioria das vezes, irá produzir uma perda financeira ainda maior e uma dor emocional duas vezes pior.

Em contrapartida, quando este mesmo investidor está ganhando, sai da operação antes do tempo, com medo de perder o que já ganhou e evitar a dor emocional que sentiu quando estava perdendo dinheiro.

Este mecanismo mental de preservação é completamente irracional do ponto de vista financeiro, mesmo que a intenção do nosso cérebro seja nos preservar emocionalmente, esta armadilha mental nos leva a perder muito quando estamos em prejuízo e a ganhar pouco quando estamos no lucro.

É neste ponto que entra nossa estratégia, planejamento e disciplina. Não existe dor emocional enquanto estamos planejando, durante a fase de definição da estratégia nosso cérebro racional funciona a todo vapor, nesta fase podemos definir de maneira objetiva o quanto estamos dispostos a perder e qual será o caminho para chegarmos ao lucro pretendido.


Na próxima publicação iremos tratar do planejamento e estratégia, o conteúdo será muito mais matemático e cheio de formulas, talvez seja mais difícil de ser digerido, mas pelas razões ditas acima esta fase é de suma importância.

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